Saturday, January 31, 2009

Nomes em Arton!

Yay!

Esses dias fiz um post no fórum da Jambô em resposta a um tópico sobre como funcionaria a linguística do mundo de Arton. Como expliquei por lá, não foi algo em que pensamos ou que tenhamos planejado. E como qualquer coisa que se desenvolve de modo orgânico e espontâneo, a "gramática" de Tormenta é caótica e sem muita lógica (não que eu me importe. Podem usar mais essa para criticar o cenário, malas de plantão;).

Mesmo assim, tenho um certo método para criar nomes de personagens e como postei o texto lá, achei que valia a pena resproduzi-lo aqui também.

Não são exatamente regras minhas. São coisas que no fim das contas acabaram ficando na tradição do gênero fantasia e acabei absorvendo. E não são regras que necessariamente os outros autores seguem, porque não são oficiais. A menos no meu caso.;)

Elfos - Para elfos sigo a regra Tolkien/Weis: nomes com som aberto, usando bastante vogais (a,i,e) e consoantes mais "musicais", como "l", "n", "t" e "d". Ex: Tallianadandara

Anões - a idéia é remeter aos som das cavernas e às marteladas na bigorna. Muito "d" (às vezes acompanhado com "h" pra reforçar a sonoridade. Também usa-se o "h" para simular o som de dois erres), "m"e "n" em geral no fim das palavras e as vogais "o" e "e". Ex: Doher

Dragões - Não sei porque resolvei linkar a língua e o nome dos dragões à lingua élfica. Com certeza por influência de Dragonlance e provavelmente porque, em Tormenta, ambos são povos ancestrais. Assim, valem as regras para elfos com a diferença do uso do "k" (acompanhado de "h" em geral) e "r", que na minha cabeça passam uma idéia de rispidez e ferocidade. além do "sh", que tem som sibilante. Também pode-se usar "ch" no fim do nome, com o som de "k".A letra "y" no lugar de "i" também vale. Ex: Shillankharyach

Goblinóides - as regras lembram as dos anões, por sua origem subterrânea em comum. A diferença é a adição do 'k", "w", "g" (acompanhando de "h") e os dois "erres". A idéia é que o nome pareça brutal, quase um brado feroz por si só. Assim como os anões, os sobrenomes (no caso, alcunhas) em geral também são em inglês. Porém, isso normalmente só acontece como regra no caso dos hobgoblins. Kobolds, goblins menores e até bugbers (menos Thwor Ironfist) não costumam usar (ou merecer) sobrenomes.Ex: Ghurrar Darkblood.

Bárbaros - em geral, quando se trata de bárbaros nativos de Arton-Norte, de antes da chegada do povo do sul, costumo usar "a", "o", "m", "r" e "k". Para aumentar a idéia de entranheza, gosto de usar um apóstrofo em algum lugar no meio do nome. Ex: Akhroa'tor.

Regras gerais: Não sempre, mas em varias ocasiões uso "h" depois de "t", "g" e "k". "L" no meio do nome em geral é dobrado. Nomes de cavaleiros normalmente são em inglês, principalmente os sobrenomes (que podem ser alcunhas ou não).

Não são regras fixas (nem para mim), não têm muita lógica, não são obrigatórias (o Cassaro, por exemplo, gosta de nomes japoneses. Já o Rogério usou latim em personagens da Academia Arcana), mas são as que costumo usar quando preciso tirar um nome da manga.

Cheers!

T.

Thursday, January 29, 2009

Landau 66 - Em Hollywood!

Aye!

Notícia curta mas legal pra caramba: Landau 66 foi um dos filmes escolhidos para a sessão de encerramento do primeiro Hollywood Brazilian Film Festival, que - como não podia deixar de ser - é realizado em Hollywood, Califórnia, a meca do cinema mundial.

Será que ainda dá pra ficar melhor que isso?

Cheers!

T.

Tuesday, January 27, 2009

Tormenta: As Aventuras e Desventuras de Rykaard Ackhenbury - Episódio 4

Yo!

Depois de um longo e tenebroso inverno, estão de volta "As Aventuras e Desventuras de Rykaard Ackhenbury"! Não é sensacional? O principal deste capítulo é que é o primeiro escrito 100% depois de 2005, quando escrevi os dois primeiros e boa parte do terceiro, o que me deixa muito feliz. Depois de quase seis anos, consegui tirar o pobre garoto da parte inicial do conto. Ufa!

Para quem não tem a menor idéia do que estou falando,
"As Aventuras e Desventuras de Rykaard Ackhenbury" é uma série em capítulos sem periodicidade definida (por enquanto), ambientada em Arton, o mundo do RPG Tormenta.

Para ler os capítulos anteriores, basta clicar no link correspondente

- Capítulos 1 e 2
- Capítulo 3
- Sketchbook

As Aventuras e Desventuras de Rykaard Ackhenbury
Episódio 4


Era um daqueles momentos em que a gente tem certeza que vai morrer. Ou coisa pior. Acredite, em Arton há coisas piores do que a morte.

O caso é que mesmo para mim – um simplório garoto de apenas dez – estava bem claro que aquilo no caldeirão era sem a menor sombra de dúvidas um ensopado de coelho SEM coelho. E se algum de vocês ainda se lembra, só havia eu o velho na caverna. E aí de duas uma: ou eu era um gênio prodígio ou a conclusão era mais do que óbvia.

Mesmo assim respirei fundo e mantive o controle. Comecei a pensar em várias saídas alternativas. Eu podia, por exemplo, tentar roubar a colher de ferro e sentar com ela na cabeça do velhote. Ou dialogar racionalmente contando uma história triste e chorosa, na esperança que ele se comovosse e me livrasse do incômodo que seria - vocês sabem - morrer.

O problema é que tudo isso dava muito trabalho, exigia muita coragem e, analisando friamente, não ia dar certo. Ou seja: resolvi ser direto mesmo e ver no que dava:

- O senhor vai me comer?

O velho olhou para trás dando um gemidinho. Tinha uma ruga de surpresa saltada bem entre os olhos.

- É lógico que não! Não se come o Escolhido. De onde tirou essa idéia estúpida, garoto?

De onde eu tirei mesmo?

- Bem...se isso é um ensopado...

Parecia que eu tinha contado uma piada das boas. O velho riu alto, tremendo, as abas do chapéu balançando a cada gargalhada. Eu não entendia nada, mas ele parecia estar se divertindo bastante. Chegou a rolar pelo chão da caverna, espalhando pedrinhas e abraçando a própria barriga. Demorou um bom tempo até parasse e se levantasse limpando a roupa e retomando o fôlego

- Menino, isso não é um ensopado.

- Não?

- Não. É preciso um coelho pra se fazer um ensopado. E estamos sem coelhos.

Sim. Claro. Como se eu não tivesse percebido.

- Isso é um feitiço – continuou ele – Se você é o Escolhido, está no lugar errado. Você precisa ir para o lugar certo.

- Lugar errado?

- Sim. Existem os lugares certos e os errados. A Caverna é errada para você. O caldeirão é o certo.

- Lógico. O caldeirão – era melhor não discordar – E o que faz o feitiço?

- Leva você para o lugar certo.

Fantástico.

O velho tirou o chapéu, jogou-o de lado e passou as mãos pelos cabelos quatro vezes. Arrancou dois fios, um carrapato que havia ficado preso no dedão direito e jogou tudo no meio da mistura. A essa altura, o líquido dentro do caldeirão borbulhava, soltando uma fumaça cinza e um cheiro que lembrava muito esterco de porco. Depois se virou de volta para mim..

- Tem certeza que é o Escolhido, certo?

Claro que não.

- Claro que sim!

- Então há coisas de que precisa saber e coisas que vai precisar fazer – abriu o manto e tirou sabe-se lá de onde um objeto – Tome. Isso agora é seu.

Era um medalhão. Mas não do tipo valioso ou mágico, que você vende para o primeiro aventureiro cheio de moedas que te aparecer na frente. Era um daqueles bem vagabundos. Feito de latão, meio amassado, gasto e cheio de riscos. A corrente era grossa, longa e salpicada de manchas pretas. Antes que eu pudesse falar ou fazer qualquer coisa, o velho já tinha pendurado o troço no meu pescoço

- Este amuleto é muito importante. Agora ela é seu e você deve levá-lo até o reino de Fortuna. Não o perca. Não o venda. Não o dê a ninguém até chegar ao reino.

- E o que vai acontecer quando chegar lá?

- Alguém vai encontrá-lo.

Claro. Dessa vez eu ia pular dentro de um caldeirão, com um medalhão que servia para sabe-sel á o que, na esperança de sair sabe-se Khalmyr onde para então seguir até Fortuna e encontrar alguém que eu não sabia quem era. Maravilha. De repente, ser o tal do Escolhido não parecia tão legal.

- Como vou saber quem ele é?

O velho deu um meio sorriso.

- Ele vai saber quem você é. Venha. O feitiço está pronto. Hora de entrar no caldeirão.

É, eu sei. Nada daquilo fazia o menor sentido. E mesmo que fizesse, cá entre nós, que outra opção eu tinha? Como ia saber o que o coroa ia fazer comigo se soubesse que eu não era diabo de Escolhido nenhum? Que havia ido parar lá por mero acaso?

O que me lembrou uma coisa: onde estava Dreevack?

- Senhor? Houve outros antes de mim?

- Muitos – respondeu com uma fungada quase impaciente – Mas só há um Escolhido.

- Perdi um amigo. Seu nome é Dreevack. Achei que tivesse vindo parar aqui também.

O velho pensou, se aproximou do caldeirão e pegou novamente a colher de ferro.

- Nenhum Dreevack passou por aqui – estendeu a colher de ferro – Use isto quando chegar ao lugar certo. Vai ajudar a encontrá-lo.

Achei melhor não questionar. Segurei firme a colher e o amuleto enquanto me aproximava mais da borda do caldeirão. Tentei olhar dentro, na esperança de ter alguma noção do que ia acontecer em seguida mas o vapor não deixava ver nada. Era melhor acabar de vez com aquilo. Entrar dentro do caldeirão e me livrar do velho maluco.

O problema é que ainda havia uma pergunta me corroendo por dentro.

- O que aconteceu com os outros? Os que não eram O Escolhido?

O velho abaixou-se com um ranger de ossos, pegou o chapéu e colocou de volta na cabeça. A aba gigante fez surgir uma sombra supreendentemente assustadora sobre seu rosto.

- O que você acha? Transformei em coelhos!

Sem pensar duas vezes, pulei rumo ao desconhecido pela segunda vez no mesmo dia. E mergulhei no caldeirão.

Cheers!

T.

Friday, January 23, 2009

"Diga 33!"

Yo!

Hoje inicia-se a comemoração mais importantes do ano com a possível exceção de um título eventual do Palmeiras e dos 10 anos de Tormenta: o meu aniversário (que é amanhã). São 33 anos de muita...muita...muita coisa, não é mesmo?

O que interessa, no fim das contas, são as festividades.


Sendo assim, sábado estarei recebendo os amigos, colegas, admiradores, filhos desconhecidos, ex-esposas, casos antigos e - por que não? - inimigos no Milo Garage. Serão todos muito benvindos (já aplicando a nova ortografia).

Oferendas ao Grande Deus Careca serão coletadas pelo Sumo-Sacerdote de plantão.

Agora chega. Tem um pint de Guinness me esperando no Omalleys!

Cheers!

T.
Ps. curiosamente, além de mim, também fazem aniversário o meu irmão (que não é gêmeo e tem 16 anos a mais que eu) e meu animal de estimação from hell, o Gato.

Thursday, January 22, 2009

Quem foi Ricardo Montalbán?

Hola!

Na semana passada o mundo do entretenimento perdeu o ator Ricardo Montalbán. Embora não tenha exatamente marcado época como um dos maiores atores de sua geração, Montalbán vai ficar gravado na mente dos fãs de seriados e ficção científica ao menos por dois papéis.

O primeiro é o Sr. Roarke, anfitrião da Ilha da Fantasia (que tinha como "sidekick" o inesquecível anãozinho Tatu), um lugar onde os sonhos das pessoas literalmente se realizavam.



O outro é Khan, o tirano inimigo do Capitão Kirk em Star Trek II - A Ira de Khan.



Mas o que me marcou e motivou a escrever este post foi um depoimento de Montálban que tornou-se notório e recorrente em suas entrevistas. Através de cinco frases, ele era capaz de descrever todos os estágios da carreira de um ator:

1. Quem é Ricardo Montalbán?
2. Tragam-me Ricardo Montalbán.
3. Tragam-me alguém do tipo de Ricardo Montalbán.
4. Tragam-me uma versão mais jovem de Ricardo Montalbán.
5. Quem é Ricardo Montalbán?

Triste, porém genial. Descanse em paz.

Cheers!

T.

Carecast - "Vá a San Diego Sem Sair de Casa" (saiu o vencedor!)

Yo!

Aquecendo os motores, turbinas e outros mecânismos necessários para a triunfal volta do Carecast, ogulhosamente apresentamos os vencedor da já quase jurássica promoção "Vá a San Diego Sem Sair de Casa".

O prêmio (yep, transformamos os dois pacotes em um só, para acabar com essa enrolação) consiste de uma série de brindes, posteres e outras bugigangas trazidas da Comic-Con por nossos ilustres membros Breno Tamura e Rod "Zulu" Reis.

Quem arrematou o sco de bugigangas foi Danilo Carlos, também conhecido como "Terrificatio" e por outras alcunhas mais obscuras. Tudo graças ao belo fundo de tela abaixo:


Cool huh?

Parabéns ao Danilo! Esperamos todo mundo nas promoções de 2009!

Cheers!

T.

Tuesday, January 20, 2009

O Terceiro Deus Book Tour - São Paulo

Heya!

Na última sexta-feira rolou na Livraria Cultura da Avenida Paulista a segunda sessão de autógrafos (a primeira foi em Porto Alegre) oficial de O Terceiro Deus. Além de mim, compareceram Rogério Saladino, Marcelo Cassaro (Trio Tormenta), Guilherme dei Svaldi, Gustavo Brauner (Jambô), Álvaro "Jamil" Freitas, PH Silveira, Gabriel "Klee" (Lista Tormenta), Salomão "Tek" (Fórum da Jambô), Ricardo Wendel, Fabio Fugikawa, Gisele Roth Saiz (Mantícora) e Igor (Carecast - que só apareceu mais tarde, na pizzaria), sem contar a verdadeira estrela da noite, o autor Leonel Caldela. E os fãs, claro.

Faltaram os fogos. a banda cover dos Ramones, as quinhentas garrafas de uísque e as strippers, mas mesmo assim foi muito legal conversar sobre a trilogia e reunir um grupo de pessoas que não se juntava sob o mesmo teto há tempo demais.

O Leonel, pelo jeito, ficou feliz.


Você encontra mais fotos do evento em São Paulo e a cobertura da sessão de autógrafos no Rio, respectivamente, no .20 e no Ambrosia.

Cheers!

T.

Monday, January 19, 2009

Hora do Exercício - Passado ou Presente?

Ahoy!

Vira e mexe o pessoal do Fórum da Jambô me pede para avaliar contos e dar umas dicas para quem quer escrever. Quando a gente faz isso há muito tempo, acaba criando umas regras. A minha mais rígida e chata é: não leio conto escrito na primeira pessoa do presente (e nem na terceira, para falar a verdade).

Por que? Simples: é difícil dar certo. Principalmente na mão de quem está começando. Fora isso, dá trabalho demais para lucro de menos. Se você vai se sacrificar para usar um recurso difícil, sua história precisa ganhar algo com ele. Mesmo assim, 100% das narrativas que vejo usando o tempo presente podiam ser muito bem narradas usando o passado, que é mais cômodo, mais legal, não bate em ninguém e vai para a cama na hora certa sem reclamar.

Hein? Exemplo? Ok, vamos lá. Primeiro no presente:


-Exemplo 1


Ando pelas ruas da pequena cidade de beira de estrada sem saber direito o que fazer. Distante, o Gol 83 fumega semi morto.

Não há uma alma viva, mas resolvo procurar por alguém mesmo assim. Bato na porta de uma casa pequena, recém pintada de branco, mas ninguém responde. Nenhum barulho vem do lado de dentro.


Volto para o meio da rua e vejo ao longe as nuvens negras que se aproximam. Um relâmpago rasga o céu, mas não há trovão para acompanhá-lo. Só aí percebo que meus passos arrastados também não fazem barulho no chão de terra batida. Tento gritar, mas nada acontece.

Na pequena cidade de beira de estrada, o único eco é o silêncio.



Agora o mesmo trecho, no passado:


-Exemplo 2


Andei pelas ruas da pequena cidade de beira de estrada sem saber direito o que fazer. Distante, o Gol 83 fumegava semi morto.


Não havia uma alma viva, mas resolvi procurar por alguém mesmo assim. Bati na porta de uma casa pequena, recém pintada de branco, mas ninguém respondeu. Nenhum barulho vinha do lado de dentro.


Voltei para o meio da rua e vi ao longe as nuvens negras que se aproximavam. Um relâmpago rasgou o céu, mas não houve trovão para acompanhá-lo. Só aí percebi que meus passos arrastados também não faziam barulho no chão de terra batida. Tentei gritar, mas nada aconteceu.


Na pequena cidade de beira de estrada, o único eco era o silêncio.



Certo. Agora, por que um funciona e o outro não?

Primeiro porque no primeiro caso existe uma chance absurdamente enorme de se errar o tempo verbal. O cara começa narrando no presente e, quando vê, está escrevendo no passado sem nem perceber. Isso acontece porque é o modo como estamos acostumados a contar as coisas. Afinal, normalmente as histórias que contamos já ocorreram, certo?

Outro motivo: escrever no tempo presente exatamente do jeito que fiz não acrescenta absolutamente nada à história. Compare os dois exemplo: as informações são as mesmas. E se são as mesmas, para que complicar?

Por último, o exemplo número um soa mecânico, frio e completamente irreal. Convenhamos: ninguém anda pela casa pensando "abro a porta da cozinha e vejo meu gato. Ele mia".

É claro que não é impossível escrever no tempo presente com resultados ao menos satisfatórios. Com treino e cuidado, pode até ser um recurso interessante. O importante é analisar o que isso pode acrescentar ao seu conto, romance ou roteiro. E fazer direito.

A principal vantagem é poder explorar a não-linearidade do pensamento. Dá para narrar o que acontece naquele exato momento e ao mesmo tempo viajar. Tangenciar a narrativa através de observações, relatar acontecimentos anteriores. Nick Hornby fez isso muito bem em Alta Fidelidade (o livro, não o filme. Que também é bom, diga-se de passagem).


Para não ficar só no falatório, resolvi me arriscar e fazer um terceiro exemplo meio às pressas, demonstrando o que pode ser um jeito legal de colocar tudo isso em prática.


-Exemplo 3


Sabe aqueles dias em que você mal abre o olho mas já sabe que alguma coisa vai dar errada? Que de alguma forma uma nuvem negra e pesada se formou sobre a sua vida sem a menor vontade de ir embora, apesar das insistentes e otimistas previsões do tempo no jornal da noite? Pois é. Foi assim que acordei cinco minutos atrás. Com um iceberg do tamanho da Groenlândia flutuando no meu estômago.

Já tá claro lá fora e dá para ouvir o barulho dos talheres na cozinha. Sinal que a empregada já chegou. Maria, ela chama. Ou é Mariana?

Isso também quer dizer que hoje é quarta, que é dia de feira. A barraca do pastel fica bem na frente da garagem. Ou seja: se quiser sair de casa vou ter que pegar um ônibus. Isso, claro, se hoje for mesmo quarta. Qual é mesmo o dia da empregada?

Merda. O telefone.

- Maria! Telefone!

Meu grito de aviso é só para cumprir o ritual de desencargo de consciência. Ela não vai atender. Nunca atende. Cada doméstica brasileira segue um código de honra rígido elaborado pela sociedade secreta das diaristas (que curiosamente inclue as que vêm de quinze em quinze dias, uma vez por mês ou toda semana). E entre as regras mais sagradas está ignorar o toque do telefone. De preferência ouvindo música ruim no volume mais alto possível. Salve a maçonaria das domésticas! Porra, como sou engraçado.

No fim das contas sou sempre eu quem acaba levantado enrolado no lençol, pisando no chão frio, correndo para atender antes que o infeliz desligue. E quer saber o pior? Já sei até quem é. Minha mãe.

Só ela liga no fixo. O filho gasta mil e quinhentos reais em uma porcaria de iPhone e ela ignora, ligando no telefone de casa porque acha que tá economizando alguma coisa na tarifa. Pelo menos não é exclusividade dela. Já vem no código genético de toda mãe. Não dá para culpar.

- Alô. Eduardo?

Errei. Não é minha mãe. Mas a voz é de mulher.

- Sou eu. Quem fala?

- É a Pamela.

- Pam--

- Não posso falar agora. Tem como a gente se encontrar? Hoje de tarde, no metrô Clínicas.

- Claro...eu...

- Ok. Beijos.

- Beijos.

Pamela foi minha namorada por cinco anos. Estudamos juntos do colegial até metade da faculdade. Até em casamento a gente pensou a certa altura. Nada nessa conversa seria esquisito se tivesse acontecido há seis meses.

Naquela época ela foi assaltada em um farol numa ruazinha na Vila Madalena. O rapaz queria carteira, celular, qualquer coisa. Pamela foi abrir a bolsa e tomou três tiros na cabeça. O rapaz achou que ela ia reagir. Quando a polícia e o IML chegaram, tinha pelo menos uns cinco motoristas reclamando do carro parado no meio da rua, impedindo o trânsito.

O telefone continua na minha mão e eu nem percebi. Lá no fundo, a linha continua dando sinal de ocupado...


Não é exatamente
uma obra-prima, mas acho que deu para entender. Se não deu, pelo menos agradeçam por ser de graça.;)

Até a próxima!

Cheers!

T.


PS. Só para não desperdiçar um outro exemplo que acabei fazendo sem querer, aqui vai uma versão dos dois primeiros exemplos com a narrativa na terceira pessoa do presente.

Pedro anda pelas ruas da pequena cidade de beira de estrada sem saber direito o que fazer. Distante, o Gol 83 fumega semi morto.

Não há uma alma viva, mas ele resolve procurar por alguém mesmo assim. Bate na porta de uma casa pequena, recém pintada de branco, mas ninguém responde. Nenhum barulho vem do lado de dentro.

Ele volta para o meio da rua e vê ao longe as nuvens negras que se aproximam. Um relâmpago rasga o céu, mas não hpa trovão. Só então Pedro nota que seus passos arrastados também não fazem barulho. Ele tenta gritar, mas nada.

Na pequena cidade de beira de estrada, o único eco é o silêncio.

A Vida Até Parece Uma Festa!

Ae!

Ano passado tive a chance de assistir ao pré-lançamento do filme/documentário/biografia dos Titãs, "A Vida Até Parece Uma Festa". Semana passada a película estreou em grande circuito Ah sim, se você não sabe quem são os Titãs, melhor dar uma volta no google antes. Ou aproveite e vá ver o filme antes de ler o post.

Sabe aqueles caras que cresceram na década de 80 e hoje já passaram dos trinta? Que adoravam rock nacional quando eram pirralhos e assistiam Chacrinha, mas que na adolescência "se venderam" para as bandas gringas e hoje só admitem ainda saber de cor a letra de "Faroeste Caboclo" depois de uma ou duas tequilas? Pois é. Sou exatamente um desses.

Não minto sobre o meu passado, mas virei as costas para boa parte do que foi a "década perdida" faz muito tempo. Claro que me lamentei mais de uma vez ouvindo os doloridos versos de Renato Russo e me diverti "pacas" com as letras bem-humoradas do Ultraje a Rigor, mas a gente cresce e supera. Outros tempos, outra cabeça.

Provavelmente por isso não dei muita bola quando soube do filme dos Titãs. Para mim, era a desculpa certa para uma sessão nostálgica das mais bregas, com direito a drama e musiquinha triste graças à trágica e lamentável morte de Marcelo Fromer em 2001.

O que vi na sala de cinema do Shopping Frei Caneca naquela noite não foi nada disso. Muito pelo contrário, na verdade.



"A Vida Parece Uma Festa" é uma colagem feita sobretudo com o uso de filmagens realizadas pelos próprios integrantes da banda, o que faz com que tudo surja na tela de maneira extremamente natural. Não há narrações em off. Não há cenários e nem depoimentos ensaiados.

É preciso muita coragem para se expôr de maneira tão cru. Se antigamente as coreografias robóticas e os ternos new wave da banda causavam estranhamento e polêmica, hoje certamente servem de motivo de piada para a juventude predominantemente emo que domina o rock atual (sem nem se dar conta, é claro, que serão eles mesmos o motivo de piada daqui há alguns anos, com suas franjas na cara, piercings nos lábios e olhos pintados). Mas a banda se importa? Nem um pouco. Fica bem claro que o grupo tem é resolvido o suficiente para rir de si próprio sem nenhum constrangimento. E que a platéia ria junto também.

Longe do estilo documental/dramalhão "Globo Repórter", o filme apresenta uma banda que mais do que qualquer outra coisa, se divertia e ainda se diverte fazendo o que mais gosta. Um retrato que distância a realidade da impressão sisuda e intelectualóide que muita gente (incluindo eu) tinha dos Titãs.

Mesmo quando chega a hora de mostrar as saídas de Arnaldo Antunes e Nando Reis ou mesmo recordar a morte de Fromer, não há exagero. Se a tristeza do momento é mostrada com honestidade e sem maquiagem, a volta por cima e a superação também aparecem com a mesma força. Há uma lição bem clara aí em algum lugar.

No fim das contas, o título parece muito mais adequado qundo se refere a nós, pobre mortais, que vez ou outra questionamos exageradamente o sentido do dia-a-dia, nossas conquistas e a falta delas. Já quando se trata dos Titãs, a impressão ao término do filme é que a vida sempre foi (e continua sendo) uma grande festa.

Cheers!

T.

Wednesday, January 14, 2009

O Quarteto Fantástico da Rolling Stone!

Huh!

A Rolling Stone Brasil vem aproveitando sua sessão Nota do Editor para apresentar aos leitores algumas figuras de seu staff, seu corpo de fiéis colaboradores. Na edição deste mês (janeiro, número 28, com a Britney na capa) chegou a vez dos tradutores e - por sua vez - deste humilde blogueiro que vos entretém! Felicitações também aos "companheiros virtuais", Ana Ban, Caio Nehring e Marcelo Barbão.

Abaixo segue o scan do texto de Ademir Correa. Mas se eu fosse vocês, comprava a revista nem que fosse só para enquadrar e colocar no lugar de honra da sala (ou ver as fotos da Britney).


Cheers!

T.

O Terceiro Deus Book Tour!

Hola!

Como vocês já devem saber, a Jambô Editora está organizando uma Book Tour com a equipe responsável pelo mais recente romance ambientado no mundo de Tormenta, O Terceiro Deus. O livro conlui a trilogia iniciada em O Inimigo do Mundo (2005).

O pessoal de São Paulo tem encontro marcado no dia 16 (também conhecido como depois de amanhã), às 20hrs, na Livraria Cultura da Avenida Paulista, dentro do Conjunto Nacional, que fica muito próximo da Estação Consolação do Metrô.

Além das presenças de Gustavo Brauner (revisor), Guilherme dei Svaldi (editor-chefe) e do autor Leonel Caldela, o evento também contará com o Trio Tormenta (Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e este que vos fala), que vergonhasamente não têm a oportunidade de se reunir desde 2007. Isso sem contar eventuais convidados surpresa...

Já no dia 19, a caravana (sem o Trio) marca presença no Rio de Janeiro, às 20hrs, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon (Rua Afrânio de Melo Franco, 290).

Divulguem, apareçam, prestigiem, levem as irmãs adolescentes, tragam oferendas e livros para autografar!

Cheers!

T.

Friday, January 09, 2009

Podcast - Papo de Artista

Hey!

Então você anda triste, cabisbaixo, com saudade da voz aveludada de nosso amado Rod "Zulu" Reis enquanto o Carecast não volta das férias de fim de ano? Se esse é o problema, pode abrir um grande sorriso! O versátil e multi-tarefas Rod acaba de inaugurar em parceria com Sam Hart, seu novo projeto: o podcast Papo de Artista.

A idéia é mostrar os bastidores e histórias de quem trabalha no ramo dos quadrinhos, além de oferecer dicas àqueles que pretendem enveredar pelo tortuoso caminho das artes.

Você acompanha o primeiro episódio aqui.

Boa sorte aos dois no projeto!

Cheers!

T.

Vídeo Test

Hola!

Mais um teste/auto-aprendizado de edição de vídeo. Confesso que não tenho muito o hábito de lidar com imagens. Sempre fui muito dependente dos textos, dos diálogos. O que não é necessariamente ruim, mas denota uma certa deficiência. Justamente por isso resolvi fazer um esboço de narrativa só com imagens, para ver como a coisa funcionava.

Não tem história, não está completo (deixei pela metade para renderizar mais rápido, já que era só um teste mesmo) e não teve os ajustes de imagem necessários além de alguns filtros do plugin Magic Bullet que resolvi aplicar, mas tá aí para vocês verem. A idéia era mais passar uma "atmosfera" do que contar alguma coisa.

Quando eu for um cieneasta famoso e cheio da grana, o povo aqui do blog vai ter o privilégio de dizer que viu meus primeiros trabalhos toscos...



Cheers!

T.

Thursday, January 08, 2009

A Importância do Cavaleiro das Trevas

Hey!

Esses dias assisti pela terceira vez Batman - O Cavaleiro das Trevas. Foram duas no cinema (coisa bem rara de se acontecer nesses tempos de 20+ reais a entrada) e uma na telinha do meu PSP. Ontem, depois de corrigir uma falha enorme no meu currículo de amante do cinema e terminar de assistir O Poderoso Chefão 2 ("Sensacional!", diria o ainda de férias Igor), me peguei começando a ver o filme pela quarta vez (e uma quinta vem aí, assim que o filme entrar em cartaz na sala Imax que será inaugurada aqui em São Paulo ainda este mês)

Este tipo de reação não é normal, mesmo vinda de um fã de quadrinhos como eu. Assim como não é normal ter vontade de fazer um post sobre um filme que já foi discutido e rediscutido em todos os cantos do mundo virtual e fora dele tanto tempo depois de sua estréia. Isso só se justifica por um fato: o filme não é apenas bom. É importante.

Enquanto revia os enquadramentos fantásticos de Christopher Nolan e as atuações brilhantes de Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Aaron Eckhart e - lógico - Heath Ledger, cheguei a uma óbvia conclusão: se não fosse um filme do Batman, se Bruce Wayne fosse só um homem obstinado disposto a lutar para manter a lei em sua cidade, se o Coringa fosse "apenas" um psicopata anarquista e se a cidade se chamasse Nova York ao invés de Gotham City, não só teria indicação certa ao Oscar de melhor filme como seria considerado o grande favorito.

Porque apesar de beber da fonte, O Cavaleiro das Trevas não é exatamente um filme de super-herói no sentido mais blockbuster e hollywoodiano da palavra. Não é um filme pipoca, não tem estética de quadrinho, não é calcado no maniqueísmo irrefutável, não economiza na violência (embora ela seja muito mais subentendida do que explícita) e não tem um final feliz. O filme de Nolan está muito mais próximo de Estrada para a Perdição do que de Homem de Ferro, e essa pode ser a prova que faltava para que esse tipo de adaptação seja levada mais a sério entre os acadêmicos da sétima arte.

O Coringa de Lee Bermejo

Outra grande prova da importância do filme é a influência inversa.

A releitura dos personagens foi tão bem feita que começa a refletir justamente nos quadrinhos que lhe serviram de origem. Ou alguém ainda tem dúvidas da fonte de inspiração de Brian Azzarello e Lee Bermejo para a recente graphic novel em capa dura, Joker? E seria ótimo que a coisa não parasse por aí. O relacionamento entre Bruce Wayne e seu mordomo e confidente Alfred, é talvez o mais profundo e bem trabalhado da história dos dois personagens em qualquer mídia. Seria ótimo se os roteiristas das séries regulares do Morcego pegassem algumas dicas com Mr. Nolan.

Não se trata só de aproveitar o hype do filme e incorporar alguns de seus elementos aos quadrinhos (algo que acontece com certa frequência), mas de evoluir o personagem através da película e ver essa evolução aplicada aos quadrinhos.

Embora não seja um filme sem defeitos, Batman - O Cavaleiro das Trevas deixa um legado ainda maior que a ultra comentada e elogiada performance de Heath Ledger. Resta saber se está herança será devidamente compreendida e devidamente aproveitada nos anos que estão por vir.

Cheers!

T.

Monday, January 05, 2009

3D&T em Portugal 2!

Ó pá!

Nossos irmãos lusitanos e RPGistas, JRNMariano e Rui Anselmo inauguraram há pouco tempo o blog Ideonauta.

Além de ser uma ótima fonte informativa sobre o que rola no hobby na Europa, o blog trás uma interessante análise hiperdetalhada do Manual 3D&T Alpha. E olha que essa é só a primeira parte!

Felicitações aos companheiros da terrinha pela empreitada! E precisando, podem contar com os irmãos brasileiros do lado de cá!

Cheers!

T.