Tuesday, March 31, 2009

Breno Tamura's One Line Review #1

Ahoy!

O mundo moderno anda rápido. Muito rápido. Já disse como o mundo moderno anda rápido? Pois é.

Enfim, o caso é que mesmo você que fica aí na frente do computador esperando as atualizações tem um tempo limitado e preciso. Pensando nisso, o Laboratório oferece uma nova opção em resenhas: Breno Tamura's One Line Review!

É bem simples: resenhas de games, filmes, quadrinhos e o que mais for...em apenas uma linha! Para que ler páginas e páginas de opinião? Não seria tudo mais fácil e simples se as pessoas fossem direto ao assunto? Exato.

E na estréia, um dos lançamentos mais esperados do ano: Resident Evil 5!

Título: Resident Evil 5
Plataformas: XBox 360, PS3
Lançamento: 13/03/2009
Breno's One Line Review: "O Leon é mais legal que o Chris bombadinho chorão e os zumbi malaco agora andam de barco e moto".
Nota: 8.0

Genial, não?

Cheers!

T.

Radiohead, em São Paulo (ou Como o Destino Tentou me Impedir de Assistir ao Melhor Show da Minha Vida, Mas Não Conseguiu)

Hey!

E finalmente aconteceu. Depois de anos sofrendo com a especulação dos jornalistas, angustiados com o famoso e recorrente "esse ano vem", os fãs brasileiros puderam presenciar uma apresentação ao vivo do Radiohead. Como não podia deixar de ser, eu, Breno Tamura, Igor e mais milhares de apreciadores da boa música, comparecemos ao show aqui de São Paulo, na Chácara do Jockey. O clímax de uma jornada pessoal que apesar de de não ser emocionante o suficiente para inspirar um blockbuster daqueles de arrecadar milhões em um único fim de semana, ao menos serviria fácil como roteiro de algum filmezinho mediano (mas divertido) de sessão da tarde.

O primeiro sinal de complicação surgiu na confirmação de que a banda realmente viria para o nosso país tropical, em meados de novembro/dezembro do ano passado: a venda dos ingressos não só seria antecipada em meses, como iria custar de 200 reales por cabeça (isso para caras tontos/honestos que, como eu, não têm carteirinha falsa de estudante).

Escravo dos altos e baixos da vida de freelancer, estava sem grana e já encarava a possibilidade de ficar de fora do evento quando dois amigos (Julia e Marcão) muito gentilmente se voluntariaram a me emprestar a exorbitante quantia. Por pouco não rodo logo na largada. O engraçado é que a ficha demorou a cair. Por um bom tempo tratei a ocasião como um acontecimento qualquer. Como se fosse algo do tipo, "mãe, tô indo lá na padoca ver um inglês doido que resolveu tocar violão na esquina".

Ingresso comprado, ingresso guardado na gaveta de meias e cuecas. Até me acostumei a dar uma olhadinha no dito cujo vez ou outra. Só para ter certeza que ainda estava lá.

Enfim, o tempo passou e o final de semana derradeiro chegou. Ansiedade no talo, combinei de me encontrar com o Igor na Avenida Paulista. Depois nos encontraríamos com mais alguns amigos e iriamos todos de jipe para o show. Esquema perfeito.

Separei a grana, escolhi uma música legal no mp3, peguei meu ingresso pensando "pelo menos por hoje, esse pedaço de plástico é a coisa mais valiosa que eu tenho" e sai em direção ao metrô. Quando cheguei na boca da bilheteria e coloquei a mão no bolso para pegar o dinheiro da passagem, dei falta da única coisa que não podia faltar: o ingresso, claro.

Refiz o caminho uma vez e nada. Voltei para casa e nada. Fiz o caminho mais uma vez e nada. Revirei o apartamento de ponta cabeça...e nada.

Liguei para o Igor e avisei que estava fora. Já tinha me conformado em ver o olho torto do Thom Yorke pela transmissão capenga e parcial do Multishow.

A salvação da pátria veio pelo telefone, aos 45 minutos do segundo tempo, duas horas antes do show. Uma amiga (a Tati, que a Karma Police lhe garanta uma vida boa e próspera) tinha desistido de ir ao show porque precisava entregar uma série de trabalhos no dia seguinte. Calhou que o ingresso dela caiu praticamente no meu colo, enquanto o que eu havia comprado continua perdido no limbo das canetas Bic, moedas, isqueiros e outros itens que se desmaterializam espontâneamente sabe-se lá como. Saldo total da bincadeira: 300 reais a menos na conta. Paciência.

Em primeiro lugar, a tal Chácara do Jockey é longe. Bem longe. De carro quebra-se um galho, mas os jovens deprovidos de carteira de motorista e grana para o táxi devem ter sofrido bastante para chegar em casa. Se bem que nesse caso específico, até os carros tinham suas desvantgens. Mas falo disso mais para a frente.

Nosso motorista, Marcão, resolveu sabiamente parar a uns quatro quarteirões do evento, na Avenida Francisco Morato. O dono do estacionamento era um senhor muito educado, que por acaso também era dono do "american bar" ao lado, cheio de mocinhas trabalhadeiras jogando sinuca enfiadas em seus jeans justos. Coisa fina.

Àquela altura o show do Los Hermanos já tinha rolado e acabado. Não sou da turma que odeia a banda. Até gosto bastante de algumas músicas, mas não fiz questão de chegar cedo para ver Marcelo Camelo e companhia. Na verdade, se fosse para ver algum dos caras, preferia ter visto o Amarante com seu Little Joy. O que realmente me surpreendeu foi a falta de repercussão da volta dos cariocas aos palcos. Me deu a impressão que ninguém viu ou que quem viu foi embora sem muito alarde, contente em pagar 100 ou 200 contos para não ouvir Ana Júlia.

Do incensado Kraftwerk ouvimos meia dúzia de blips enquanto procuravamos a entrada principal. Muita gente adora, muita gente cultua, mas o máximo que consigo sentir é respeito pelo papel que os caras têm na história da música eletrônica. E só. Som por som, não me agrada. Soa datado e bem chato para falar a real. E como show, pagar para ver quatro caras parados no palco que em certo ponto da apresentação dão lugar a quatro robôs/manequins que ficam parados no palco não me parece uma idéia assim tão legal. Até gostaria de ter visto um pedaço só para ver se mudava de opinião. Como não vi, permaneço na mesma.

Entramos na Chácara do Jockey faltando pouco mais de meia hora para o início da apresentação principal. Graças ao dub completamente fora de lugar que reverberava nos altos falantes, os trinta minutos se arrastaram lenta e doloramente, como uma centopéia paraplégica procurando um par de sapatos em uma sala escura. Quando as luzes se apagaram e os pings e pongs que serviram de introdução para 15 Steps pegaram a platéia desprevenida, a sensação não foi só de felicidade, mas de alívio também.



Alguns se arriscavam a cantar, mas muita gente desistia, incapaz de acompanhar os timbres de voz absurdos de Thom Yorke. As palmas fora do tempo, tradição do público brasileiro, também marcaram presença.

Tudo corria perfeitamente, mas o que todo mundo queria mesmo saber era quantas músicas de OK Computer, a banda iria tocar. E se ia rolar Creep - sucesso do primeiro álbum, Pablo Honey - como havia acontecido no Rio.

No fim, foram cinco do emblemático álbum de 1997: Karma Police, Climbing Up the Walls, Exit Music (For a Film), Paranoid Android e Lucky. The Bends, outro disco essencial, contou somente com Fake Plastic Trees, a famigerada "música do Carlinhos" (que para mim era "a música do cara do olho zoado no clipe do supermercado", quando ainda não conhecia a banda).

De Kid A, tivemos The National Anthem (com direito a trechos da transmissão de uma estação de rádio local sampleados na hora), Optimistic,Idioteque,True Love Waits e Everything In Its Right Place. Hail to the Thief e Amnesiac foram representados por duas cada, repectivamente: There There, The Gloaming, Pyramid Song e You and Whose Army. Como bônus, ainda rolou Talk Show Host, lado B que fez parte da trilha do filme Romeu+Julieta*. In Rainbows foi tocado na íntegra. O resultado foi um repertório que conseguiu a proeza de agradar todo mundo.

Dizer que o show foi legal é desmerecer a performance dos rapazes de Oxford. O palco, iluminado por tiras de leds pendurados no teto que piscavam de acordo com programações feitas especialmente para cada música, pulsava acompanhando a dança epiléticamente contorcionista do vocalista, arrancando palmas e sorrisos da platéia. Os telões no fundo do palco e nas laterais focalizavam cada integrante em close, e em You and Whose Army uma câmera no teto fechou nos olhos de Thom, distanciando-se enquanto o vocalista cantava e fazia caretas. Johnny e Colin Greenwood, Ed O'Brien e Phil Selway foram impecáveis, mesclando a fidelidade às versões dos álbuns com improvisos econômicos e certeiros.

A sintonia com a platéia elevou-se às alturas no fim de Paranoid Android: a banda já se preparava para engatar a próxima música quando Thom percebeu parte da platéia ainda entoando os versos finais do hit de OK Computer. O coro se espalhou e o vocalista pegou seu violão acompanhando a galera na base do improviso, fazendo a primeira voz. O público paulistano se rendia ao Radiohead e o Radiohead, por sua vez, se rendia ao público paulistano.



O segundo bis terminou com Everything In Its Right Place. O vocal sampleado ao vivo se sobrepondo em versos confusos enquanto a banda deixava o palco sob aplausos. Depois veio o silêncio, as sombras dos roadies pegando os instrumentos, arrumando sabe-se lá o que. Todo mundo em silêncio na escuridão da Chácara do Jockey.

Faltava o toque final. Faltava Creep.

"Adivinhem qual é essa?", perguntou Thom York, de volta, como se lesse a mente de cada um dos presentes.

Final grandioso para um show épico.



Depois de vinte e seis músicas e mais de duas horas em pé, dor nos joelhos, dor no pé e a vontade louca de chegar em casa na velocidade da luz.

Notamos que haviam saídas de emergência, mas nenhuma delas estava liberada para o público comum (a naõ ser deficientes, bêbados passando mal e espertinhos de plantão). Sem querer armar muita confusão, entramos na procissão de pessoas espremidas a caminho da saída.

O primeiro a se revoltar foi o Igor. Como a "fila" não andava, nosso apresentador de podcast preferido sugeriu que fizessemos pressão no povo que tomava conta da saída de emergência mais próxima, em busca de uma liberação. Fomos, mas nossos argumentos iniciais não surtiram muito efeito. Bêbados ainda mais revoltados começaram a se acumular exigindo passagem, pessoas irritadas começavam a se acumular e a sombra de uma rebelião estilo presídio/torcida de futebol passou a pairar no ar.

Quem salvou a pátria mesmo foi Fernando, amigo recifense que fazia parte da nossa trupe. Aproveitando uma calmaria momentânea, o rapaz puxou o aparente responsável pela organização do setor (visivelmente alcoolizado, diga-se de passagem) e explicou que se não conseguisse sair dali muito rápido, iria perder seu voo de volta para Recife. Mentira, claro, mas nessa hora vale (quase) tudo.

Comovido ou de saco cheio (a gente nunca vai saber) o cara nos indicou uma rota de fuga digna de Prison Break.


Com essa manobra fantástica, cortamos cerca de 60% do caminho e economizamos umas três ou quatro horas de nossas vidas, que foi mais ou menos o que as pessoas que seguiram o protocolo levaram para sair do local e conseguir tirar seus carros do (caro) estacionamento.

E não pegamos trânsito.

Perfect.

Cheers!

T.

*pouca gente lembra, mas Exit Music (For a Film) foi feita especialmente para os créditos deste mesmo filme, a pedido do diretor Baz Luhrmann. Apesar disso, a faixa não aparece em nenhum dos dois CDs de trilha sonora lançados na época.

Monday, March 30, 2009

O Inimigo do Mundo - Segunda Edição!

Huh!

O Inimigo do Mundo, primeiro romance de Tormenta, escrito por Leonel Caldela e lançado pela Editora Jambô, chegou às lojas do país em 2006. O livro contava as aventuras do Esquadrão do Inferno, o grupo de aventureiros que inadvertidamente tornou-se um dos principais responsáveis pela chegada da tempestade rubra à Arton, inaugurando a trilogia que viria a se completar com O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus.

No fim do ano passado, a primeira tiragem se esgotou. Aproveitando a necessidade de uma nova edição, a Jambô aproveitou para dar uma turbinada no volume. O Laboratório entrevistou Guilherme dei Svaldi, um dos responsáveis pela editora, em busca de mais detalhes.

Lab - Romances de fantasia medieval não são vistos exatamente como o tipo de aposta com retorno garantido no mercado editorial brasileiro. Te surpreendeu a recepção de O Inimigo Do Mundo?

Guilherme - Sim, a recepção de O Inimigo do Mundo foi uma (grata) surpresa para a editora. Esperávamos certo retorno pelo fato da marca Tormenta ser famosa no Brasil, mas não tinhamos realmente como saber se o público ia se interessar por um livro grande e caro. Mas eles se interessaram... mostraram bom gosto, hehehe.

Lab -
A editora tomou ou se viu obrigada a tomar algum cuidado especial dado o possível risco do investimeno?


Guilherme - Nenhuma medida além das normais. Todo investimento é um risco, e esse não foi exceção. A empresa tem fundos de reserva, para poder cumprir com suas obrigações mesmo que o produto não dê retorno. Tirando isso, nada de mais.

Lab -
Qual fator você destacaria como principal razão para o sucesso do livro?


Guilherme - A qualidade do texto. Pode parecer um pouco simplista, mas uma análise das grandes marcas da história vai mostrar que, no fundo, o que determina o sucesso ou fracasso de um produto, em última instância, é sua qualidade. Embalagem, marketing, divulgação... São todos fatores que ajudam, mas a questão é essa: eles *ajudam*, não determinam. Mesmo fatores mercadológicos, como uma crise, por exemplo, não fazem um produto fracassar. Isso só acontece se o produto for ruim...

Lab - O que muda na nova edição? Quando ela sai?

Guilherme - A segunda edição de O Inimigo do Mundo sai em abril. Aí vai a lista de mudanças:

- Nova capa, por Greg Tocchini (o mesmo artista das capas de O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus);

- Nova diagramação, com fonte maior;
- Um conto sobre a Revolta dos Três;
- Uma galeria de imagens com ilustrações originais sobre o livro;
- Um texto de Leonel Caldela onde falando sobre a criação do livro;
- Uma prévia de O Crânio e o Corvo, para quem ainda não leu o segundo romance.

Lab - Há planos de se disponibilizar alguma espécie de pacote, incluindo toda a trilogia?

Guilherme - No momento não.

Agora é só aguardar!

Cheers!

T.

Thursday, March 26, 2009

Dragon Slayer #24 - Capa!

Hola!

Mais um mês, mais uma Dragon Slayer. Tá, não é bem assim e a gente sabe disso. Para falar a verdade, a edição #24 está prevista para abril. Nem falta tanto assim. Aguardem mudanças e novidades dentro da revista. E se contentem com a capa e as chamadas, por enquanto.



Cheers!

T.

Saturday, March 21, 2009

Radiohead, no Rio

Aye!

Ontem a banda inglesa Radiohead abriu sua curta temporada brasileira com um show na Praça da Apoteose, Rio de Janeiro. Uma agenda lotada de compromissos fictícios e o bloqueio de uma conta inexistente nas Ilhas Cayman infelizmente impediram o meu comparecimento. Em compensação, nosso correspondente não-oficial, Chacal(autor do blog O Diário de Byron Parker), esteve lá e muito gentilmente nos enviou a set list executada por Thom Yorke e companhia. Confira:

15 step
Airbag
There There
All I Need
Karma Police
Nude
Weird Fishes/Arpeggi
The National Anthem
The Gloaming
Faust Arp
No Surprises
Jigsaw Falling Into Place
Idioteque
I Might Be Wrong
Street Spirit (Fade Out)
Bodysnatchers
How To Disappear Completely

Biss 1
Videotape
Paranoid Android
House of Cards
Just
Everything In It’s Right Place

Biss 2
You And Whose Army?
Reckoner
Creep

A preferência da banda por músicas dos álbuns mais recentes fez nosso amigo carioca chegar à uma inevitável (e talvez triste) conclusão: "Caiu a ficha de que não estamos mais em 1997".

Amanhã, a gangue do Carecast (menos o Zulu, que tem mais o que fazer) comparece à Chácara do Jockey, em São Paulo, para conferir in loco o último show da micro-turnê.

Cheers!

T.

Friday, March 20, 2009

Carecast no St. Patrick's Day!

Howdy!

Para ser sincero, não faço idéia de por que diabos St. Patrick - ou São Patrício, por aqui - se tornou o padroeiro da Irlanda ou o que faz para mercer um dia só dele. Tá, ok. Sei de duas coisas: o cara espantou todas as cobras do país e deu uma força na expansão do cristianismo. É o que eu sei. Se está certo ou não, já são outros quinhentos.

O fato é que de alguns anos para cá os brasileiros - particularmente os moradores das grandes metrópoles - adotaram o tal feriado com a maior naturalidade. Assim, no dia 17 de março a festa se espalha pelos pubs tupiniquins, com o povo enchendo a cara vestido verde. É como um Carnaval sem mulher pelada, sem carro alegórico mas com música boa e cerveja importada.

Fãs de carteirinha do O'Malleys, o pessoal do Carecast (eu, Zulu + esposa e Breno - Igor tinha mais o que fazer) compareceu nos dias 16 e 17. O evento foi um pouco mais light do que de costume, por conta da chuva implacável e de ser dia de semana. Mesmo assim, os amigos da banda de Cork (na Irlanda, claro), Murphy's Law, garantiram a diversão pelo décimo ano seguido, com muita música tradicional.

Para os infiéis que não puderam comparecer, fica o convite para o ano que vem e os três vídeos gravados por este que vos fala (o último é o recado de Owen, um dos membros da banda, especialmente para o Carecast).











Cheers!

T.

Tuesday, March 17, 2009

Dragon Slayer - Um Breve Pronunciamento

Hola!

Damn, por onde eu começo? A partir de hoje, dia 17 de março, estou deixando oficialmente a equipe responsável pela revista Dragon Slayer. Calma, é menos grave, trágico, dramático e melancólico do que parece.

Como qualquer um deve ter notado, já fazia tempos que eu não colaborava efetivamente com a DS. Durante os últimos meses, minha função era a de revisor e palpiteiro. Meu papel de editor acabou se tornando muito mais o de mediador entre o público que acessa a internet e a revista. Recentemente, deixei duas dessas funções e resolvi que não fazia muito sentido manter as outras.

Com a incorporação da equipe da editora Jambô à revista e sem qualquer função prática na edição, acho bobagem continuar respondendo pela mesma. Acredito que a equipe tem pessoas mais focadas e capacitadas para isso no momento.

Na prática, deixo de me responsabilizar pela DS e abdico do meu papel como principal canal esclarecedor de dúvidas. Também deixo a moderação da comunidade no Orkut. Por outro lado, o blog continuará publicando qualquer notícia pertinente sobre a revista. Incluindo capa e índice.

E como sempre aparece um ou outro para falar besteira, é bom deixar claro desde já: minha relação com toda a equipe da revista continua ótima como sempre foi. Nada de brigas, desavenças ou qualquer outra bobagem do tipo. Minha relação com Tormenta e com a Editora Jambô também continua a mesma e as portas da Dragon Slayer continuam abertas paras qualquer colaboração da minha parte.

É só uma progressão normal. A gente muda, cria outros interesses e toca a bola pra frente. Simples assim.

Sorte pra quem fica.

Cheers!

T.

Conto - UM

Hey!

Vira e mexe aparece alguém aparece por aqui pedindo para que eu poste os contos que tinha em meu antigo (e finado) site, Gatos, Almas e 5 Cents. UM, é um deles. Se desapegar um pouco de seus textos antigos deve ser alog normal para qualquer autor. A cabeça da gente muda, o estilo muda e a gente passa a ver quinhentos defeitos onde antes só via uns dez. Com este texto não é diferente. Há muita coisa que me incomoda, mas ainda gosto de muita coisa também. Principalmente porque, apesar de melancólico como todos os outros escritos nessa época, é um conto mais realista. Sem elementos muito fatasiosos, sem nada de sobrenatural. Coisa rara nos meus textos em prosa.

Justamente por isso acabei resolvendo manter o texto como estava, desde que foi escrito há sei lá quantos anos (o Word me diz que o arquivo é de 2001, mas tenho a impressão de que a história é bem mais antiga que isso), mantendo intactas todas as suas imperfeições. Assim, além de ler uma boa história, você, leitor, ainda pode aprender com as burradas que cometi no passado. Parece um bom negócio não?

Uma curiosidade: não sei por que diabos, resolvi colocar no conto uma daquelas coisas obscuras que ninguém percebe. Um detalhezinho bizarro que só um psicopata descobriria sem qualquer tipo de ajuda (como até hoje ninguém notou, acho que tenho poucos psicopatas entre meus leitores. Não sei ainda se isso me deixa feliz ou decepcionado): cada conjunto de números apresentado na história forma, de algum modo, o número 666. Podem prestar atenção. A brincadeira dura até mais ou menos o meio do texto, o ponto onde o negócio deixou de ser divertido para virar uma encheção de saco.

É isso. Tentem se divertir. E se não gostarem, mintam nos comentários.;)


UM

Eu queria um cigarro.


Provavelmente deve haver pelo menos mil e oitocentas coisas mais interessantes para se pedir nessa hora, mas quem se importa? Quando se chega nesse ponto o lance é seguir o que a gente sente, certo?

Faz exatamente seis meses. Pra falar a verdade faz seis meses, quatro dias, duas horas e seis minutos. Ah, não se supreenda com a exatidão dos números. Minha mãe sempre dizia que eu era bom nesse tipo de coisa. Contas, cálculos. . . nasci com talento para isso. Uns sabem cantar como Elvis Presley, outros jogam basquete como Michael Jordan ou abrem bem as pernas como Tracy Lords e Sharon Stone. Eu nasci com talento pra números. Fazer o que? Dizem que cada um tem apenas o que lhe é devido. E é bem provável que seja isso mesmo. Desde o inicio achei que este era um raciocínio verdadeiro. Pelo menos sempre fez sentido para mim.

Veja meu pai, por exemplo. Trabalhou durante vinte e quatro anos numa porcaria de um frigorífico. Dia e noite, chuva ou sol ele jamais faltou no emprego. Mesmo quando Victoria, gravida de seis meses teve de ser socorrida as pressas por uma ambulância devido a um desmaio (mais tarde descobriu-se que ela tinha um tumor maligno no cérebro e talvez não vivesse ate a véspera do próximo Natal. Uma pena, já que era a mais nova de nos. . . perdemos dois parentes de uma única vez). Mesmo quando, depois de nove anos sem vencer, nosso time ganhou o campeonato estadual por cinco a um e praticamente todos os seres vivos dessa maldita cidade foram ate a praça principal comemorar e soltar fogos de artificio. Mesmo com tudo isso papai jamais deixou de ir ao trabalho.

Até que sua obstinação e fidelidade foi finalmente recompensada. Numa das quarenta e duas vezes em que ele havia sido escalado para ajudar a descarregar a mercadoria (exatamente três dias e nove horas antes de poder se considerar devidamente aposentado), as pecas de boi despencaram do caminhão. Uma parte aterrissou precisamente em cima dele. Talvez a falha não tivesse nem sido do cara que prendeu a carne nos ganchos. Provavelmente meu pai devia estar velho demais para fazer tanto esforço e não tenha agüentado o peso. Mas ele jamais admitiria isso.

Ele não morreu desta vez. Não senhor. Tinha uma "saúde de ferro", como costumava dizer. Mas os duzentos e sessenta quilos de carne morta e congelada ficaram exatamente dezesseis minutos e trinta e três segundos em cima do infeliz. Talvez o peso sozinho não tivesse causado tanto dano, embora tenha despencado de uma altura bastante razoável, mas o frio dormente que emanava daquilo não ajudava nem um pouco.

Depois ficamos sabendo que haviam ocorrido doze fraturas em seis lugares diferentes. Para simplificar a historia, o coitado havia ficado paralítico para o resto da vida. Descontando-se o tom trágico do fato dava ate para rir: era a vingança tardia de pelo menos três dúzias de bovinos assassinados. Se fossemos todos vegetarianos isso provavelmente não teria acontecido. . .

O governo conseguiu uma grana razoável, suficiente para comprar uma cadeira de rodas decente mas bem menos do que precisávamos para adaptar a casa as novas condições. Dava para ter tirado muito mais do frigorifico se pudéssemos ter contado com a ajuda de um advogado mais competente. De qualquer forma, este é o modo como as coisas são.

Dava pena ver o velho se arrastando como uma mosca quase morta pela casa. Era difícil para ele, que havia sido um homem forte e saudável durante todos os seus cinqüenta e cinco anos, ter que se esforçar de maneira sobre-humana para percorrer os míseros treze metros que separavam a nossa casa da loja de discos da esquina. Adorava musica clássica (principalmente Bach) e fazia questão de ir comprar sozinho seus LPs preferidos. Ah, sim. Comprava vinil mesmo. Odiava CDs. Talvez aquelas bolachas pretas hoje quase pré-históricas tivessem algum tipo de magica para o coitado. Tinha um gosto musical refinado ate demais para um simples velho suburbano. . . mas era definitivamente incapaz de mudar seus hábitos.

O mesmo valia para seu comportamento em casa. Havia perdido a capacidade motora das pernas, é verdade, mas fazia questão de manter a postura e a autoridade que sempre tivera. Mandava em tudo e em todos e falava com a voz de um general. As vezes chegava a ser engraçado.

E foi sempre assim. Ate que um derrame paralisou o lado esquerdo da metade útil de seu corpo. Quando a gente contava muita gente achava que era brincadeira. As vezes é difícil acreditar que uma serie de acontecimentos infelizes possa acontecer com uma família como aconteceu conosco. Isso não é tipo de coisa que acontecia com pessoas normais. Não senhor. Só acontecia em alguns daqueles programas televisivos sensacionalistas ou com as "outras pessoas", não e mesmo? Gostaria de saber quem foi o idiota que disse que "um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. . . "

Depois disso ele deixou de ser o homem que conhecíamos. Não era mais meu pai. Era só uma sombra chorosa que se arrastava pela casa do mesmo modo que um verme anda por dentro de uma fruta podre. A partir dai fui eu quem passou a comprar os discos. As vezes papai balbuciava e, com um pouco de esforço, eu conseguia entender seus pedidos mas ,para ele, não era a mesma coisa. Aquela sombra, pois já não era mais um homem, havia perdido tudo o que mais amava na vida. Tudo o que prezava. Nem a autoridade da qual tanto se orgulhava ele havia conseguido manter. A voz de general havia se transformado num suspiro quase ininteligível.

Dava para ver em seus olhos, na postura curvada da cabeça e nos ombros caídos em descaso o quanto seu coração parecia angustiado. O velho patriarca da família estava preso para sempre, mas só eu e ele enxergávamos as grades e as correntes. Mamãe limitava-se a chorar vez ou outra e a cumprir seus desígnios de esposa fiel (embora eu pudesse jurar que, as vezes, pude ouvi-la sussurrando furtivamente palavras doces ao telefone para algum admirador desconhecido. . . ). Meus quatro irmãos simplesmente não se importavam. Talvez Victoria também percebesse se ainda estivesse viva, mas ela havia nos deixado há exatamente um ano.

Papai morreu num sábado de junho. Sua cadeira de rodas não rolou pela dúzia e meia de degraus da escada que vinha dos quartos como era de se esperar. Não mesmo. Li isso num dos livros mais recentes de Stephen King e acredite. . . não e tão fácil de acontecer assim. Alem disso, papai jamais descia. Tudo era levado para ele. Comida, água. . . ate os banheiros ficavam na parte de cima, junto com o aparelho de som e uma minúscula TV preto e branco Panasonic. Papai jamais rolou da escada. Sua morte foi causada pela combinação explosiva de quatro variedades diferentes de tranqüilizantes e dois copos cheios de Jack Daniels.

A parte estranha de tudo era o fato das bebidas terem sido sempre guardadas na parte debaixo da escada. Papai foi encontrado em seu quarto, deitado na cama que o havia acolhido durante uma vida inteira. As janelas tremiam com o som alto e chiado das caixas de som, emitindo o que havia sido outrora uma gravação impecável de Tocata e Fuga em Re Menor pela Orquestra Sinfônica do Estado de Nova Iorque. Ele simplesmente adorava essa musica.

A enfermeira, que havia faltado justamente naquele dia foi dispensada sem maiores cerimonias. Um dia antes da missa de sétimo dia mamãe já podia ser vista de braços dados com Vítor, o dono da Vitrola e CIA, a loja onde meu pai havia fielmente comprado seus discos por tantos anos. Meus irmãos partiram, cada um para seu canto. E eu. . . bem, eu arranjei um emprego.

Passei a trabalhar num asilo. Uma "clinica geriátrica", como eles preferem chamar. Trabalhava cerca de seis horas por dia e tinha pelo menos um dia da semana livre. A clinica não era grande, é verdade (chegava no máximo a sessenta internos), mas era melhor assim. Ficava mais fácil de conhecer todos eles.

Os velhos iam parar lá pelos mais variados motivos. Alguns eram abandonados pela família, outros estavam doentes demais e precisavam de alguém que cuidasse deles vinte e quatro horas por dia. Outros, como a Sra. Jenkins por exemplo, se quer saiam da cama.

Lembro-me do Sr. McMannaman, que havia sido vitima de um derrame cerebral tão violento que seu corpo inteiro havia ficado paralisado. Somente seus olhos se mexiam e alimentação era feita através de uma sonda ligada diretamente ao estômago. A cama tinha um buraco que se ligava a uma enorme bacia através de um cano. Depois de um tempo seu intestino e bexiga deixaram de funcionar de maneira normal e se tornaram tão imprevisíveis quanto a previsão do tempo. Este foi o único jeito que encontramos para que o homem pudesse fazer suas necessidades com o mínimo de higiene.

Algum tempo depois fiquei sabendo que ele havia sido um dos grandes soldados da Segunda Guerra, do lado dos mocinhos. Seu nome não aparecia nos livros de historia, mas as medalhas que ele havia ganho forravam a parede norte do quarto, bem de frente para ele. E tudo que o velho McMannaman podia fazer era olhar para o os frutos de uma vida inteira dedicada a seu pais, enquanto uma enfermeira ,provavelmente mais nova que sua filha, recolhia a enorme bacia de fezes e urina (que tinha de ser retirada impreterivelmente de seis em seis horas e lavada em menos de cinco minutos, uma vez que tínhamos apenas uma daquelas).

A verdade é que, independente do motivo ou doença que os trazia ali, todos eles tinham o mesmo tipo de olhar. Um olhar parado e desinteressado, como o de um paciente sentado eternamente na sala de espera de um dentista psicopata, de um jogador de futebol nos minutos finais de uma partida perdida ou de um peixe que simplesmente desiste de se debater ao perceber que esta fora da água. Não é irônico, que todos aqueles que haviam feito tanto numa vida inteira, fossem obrigados a se arrastar injustamente por cada milímetro na corrida da vida durante os poucos metros que faltavam para a linha de chegada?

O fato e que eles sabiam disso. Tinham plena consciência e não podiam fazer nada. Absolutamente nada. Tudo o que podiam fazer era olhar e olhar. . . para o nada. Para um futuro que não viria. Para um final de vida sombrio, doloroso e humilhante. Para o prolongamento de uma existência que já havia cumprido o seu propósito. Todos tinham o mesmo olhar.

Do mesmo modo que meu pai naquele sábado de junho.

Do mesmo modo que ele observava a janela do quarto no momento em que eu lhe trouxe os quatro comprimidos e a garrafa de uísque. E acredite, posso jurar que ,momentos antes de sua cabeça tombar sobre o peito e a sinfonia de Bach emitir seus gloriosos acordes, pude ver um sorriso cruzar seus lábios. Não leve, e discreto como ele mesmo havia sido na flor de sua juventude, mas grande, satisfeito e decidido. Como o de quem sente a alegria do dever cumprido.

Podem dizer o que for, mas com um único gesto eu trouxe a paz que ele tanto queria. E fiz, em menos de cinco minutos mais do que nossa família inteira havia feito por ele durante toda a sua vida.

Acho que todos em casa sabiam o que eu havia feito. Mamãe, meus irmãos. . . ate mesmo a enfermeira. Todos sabiam. E nunca fizeram ou disseram nada. E sabe por que? Porque simplesmente não davam a mínima. Tinham anos e anos pela frente e provavelmente tinham coisas mais importantes para se preocupar do que com a morte de um velho inútil e paralítico. Mesmo que ele tivesse terminado daquele jeito justamente porque jamais admitiu que faltasse roupa, comida ou qualquer outra coisa em nossa casa por falta de dinheiro. Percebe o quão injustos podemos ser?

Foi por causa de tudo isso que disse ainda durante o julgamento, que meu pai havia sido o motivo de tudo. Foi a sua visão que me inspirou e me deu forcas para fazer o que alguém deveria ter feito muito antes de mim.

Foi exatamente por causa dele e da lembrança de sua lenta e dolorosa decadência que eu fiz o que fiz.

Por ele que entrei na clinica sorrateiramente naquela madrugada de sábado. Por ele abri cuidadosamente os lacres dos bujões de gás da cozinha tamanho industrial e tranquei todas as portas e janelas.

E por ele me afastei a uma distancia segura, coloquei uma moeda no telefone publico e liguei para a clinica, esperando apenas o momento em que a faisca da luz elétrica acesa por um empregado no momento em que fosse atender o telefone provocasse a explosão.

Você provavelmente deve ter lido sobre isso nos jornais. Duas enfermeiras e todos os internos morreram quase que instantaneamente. De acordo com os legistas a explosão foi tão violenta que não houve se quer tempo para que as vitimas sentissem o mínimo de dor. Só restaram cinzas, nada sobrou para ser enterrado.

Naquela noite eu chorei como uma criança, sentado na calcada em frente a clinica, vendo cada centímetro do lugar ser devorado pelas chamas e observando as almas daqueles que eu havia livrado da morte em vida dançando em meio a fumaça negra e subindo em direção ao Céu. E ali, ainda extasiado com a visão magica de tudo aquilo e incapaz de falar uma frase completa sem ser interrompido por violentos soluços, foi que a policia me encontrou. Há exatamente seis meses, quatro dias, três horas e cinco minutos.

Me chamam de assassino, de porco, de desalmado. Dizem que não tenho coração, que sou desajustado e não sirvo para viver em sociedade. Mesmo assim meu rosto esta em todos os jornais, é capa da Time, da Newsweek e de tantas revistas que eu provavelmente não seria capaz de citar o nome de todas durante o pouco tempo que ainda tenho. As emissoras me querem em seus programas de entrevistas e um diretor de cinema parece interessado em filmar minha "vida"(acrescentando provavelmente alguns delitos menores como estupro ou desejo sexual pela mãe a minha diminuta ficha de condutas ilícitas. Algo para chamar mais publico, entende?). Fazem tudo isso e eu realmente não ligo. Simplesmente não significa nada para mim.

Sei o que fiz, porque fiz e estou satisfeito comigo mesmo. Não me importo com o que pensam ou o que acham do meu feito. Não me importo. Vivi minha vida da melhor maneira possível e segui os preceitos de tudo aquilo que acreditava. Se ISSO é ser um monstro. . . então muita gente devia tentar. Acredite, não e tão ruim quanto se pensa.

E quando finalmente entrar naquela sala e estiver estendido na cama em forma de cruz. . . quando meus braços forem presos pelas correias de couro e as agulhas forem espetadas sem a menor delicadeza em minhas veias saltadas. . . quando as substancias químicas entrarem na minha corrente sangüínea e as convulsões finalmente começarem. . . eu não direi absolutamente nada. Abdicarei do direito de fazer uma ultima declaração ao mundo em troca de um único pedido:

Quero ter forcas para sorrir.

Um sorriso, satisfeito e tão decidido quanto o de meu pai.

Espero sinceramente que os parentes das "vitimas", aqueles que foram gentilmente convidados pelo estado para presenciar minha gloriosa punição, possam vê-lo. E que, a cada noite do resto de suas vidas, cada um deles se lembre daquele sorriso. . . ate que estejam velhos demais para sonhar, se mexer, ou ter uma vida decente sem ter que depender de estranhos ou de parentes distantes e insensíveis. Só nesse momento, sozinhos e abandonados num quarto com cheiro de mofo, fezes urina é que eles irão entender. E ai talvez seja tarde. . .

Quanto a mim, parto tranqüilo e com a alma infinitamente mais leve que a daqueles que deixo para trás. Pode acreditar.

Afinal de contas, é como se diz. Cada um tem apenas o que lhe é devido.

Nem mais.

Nem menos.


Cheers!

T.

Monday, March 09, 2009

Review - Crayon Physics Deluxe

Aloha!

Nestes tempos em que os videogames evoluem a passos gigantescos e a crise financeira mundial obriga as produtoras a se arriscarem cada vez menos, fica difícil encontrar por aí algum jogo realmente diferente. Em geral, o que se vê são dezenas de continuações apoiadas em fórmulas testadas e aprovadas, gráficos cada vez mais realistas (exigindo TVs e monitores cada vez mais modernos) e valores de produção equivalentes aos mais caros filmes de Hoollywood.

Talvez por conta de todos estes fatores, Crayon Physics Deluxe seja uma supresa tão agradável. O objetivo do game - que teve sua primeira versão criada por Petri Purho em apenas cinco dias e arrematou o prêmio principal do Independent Games Festival 2008- não podia ser mais simples: conduzir uma pequena bola até cada estrela contida em um cenário aparentemente desenhado por uma criança com giz de cera.



Uma vez que o controle sobre os movimentos da bolinha é limitado (pode-se empurrá-la para a esquerda ou direita, mas não mais que isso) todo o processo é feito de maneira indireta. O jogador desenha objetos como bem entender e o game aplica as leis da física, considerando tamanho, peso e movimento. Assim, para fazer com que a bola atravesse um vão entre duas plataformas, basta traçar uma linha reta ligando as duas e empurrá-la.

Aos poucos os quebra-cabeças vão ficando mais complexos e mais recursos ficam à disposição do jogador (é possível desenhar cordas, pêndulos e trampolins, por exemplo). O interessante é que as soluções para cada quebra-cabeça são ilimitadas, já que dependem muito mais da criatividade do jogador do que de algum fator pré-determinado pelo game designer.

A versão full do game inclui mais de 50 níveis prontos, suporte a tablets e um editor de fases. Também é possível compartilhar suas criações ou baixar novos quebra-cabeças arquitetados por outros usuários através da internet.

Crayon Physics Deluxe está disponível para PC e já conta com um port para iPhone e iPod Touch.

Cheers!

T.

Saturday, March 07, 2009

Who Watches the Watchmen? O Carecast!

Hrm!

Quinta-feira, graças ao Igor, toda a equipe do Carecast (com o reforço de Fabi e Sam Hart) compareceu à premiere de Watchmen, provavelmente a adaptação cinematográfica de uma série em quadrinhos mais esperada de todos os tempos. Como a gente não é de deixar nossos ouvintes/leitores na mão, não só tiramos fotos como também fizemos um videocast com as impressões de cada um sobre o filme!

Sensacional!

O segundo careca mais poderoso do mundo e
Rorschach (que a gente acha que é uma mina)


Antes...


...(quase) durante.


"Ontem, um comediante morreu. Mas a gente continua fazendo piada"





É isso aí. O Carecast está voltando...

Cheers!

T.

Wednesday, March 04, 2009

Temporada de Caça

Hey!

É uma história longa, mas vou fazer o possível para encurtar. Há muito tempo, ainda na época da finada e bem enterrada Dragão Brasil, escrevi uma matéria em forma de pôster inspirada em um conto do Cassaro, chamado Masquerade. O artigo ampliava a história da sensual vampira Verônica, do jovem, rebelde e também vampiro, Douglas e da própria casa noturna que dava nome ao texto e servia de refúgio para os sanguessugas. O material fez sucesso e deu origem a um suplemento gratuito ainda mais amplo, chamado Temporada de Caça (que também teve versão pela editora Daemon).

Não sei em que parte da coisa toda alguém teve a idéia de um quadrinho sobre o "cenário". Eu faria o roteiro e o Greg (Tocchini) se encarregaria da arte. A coisa não decolou em boa parte por minha culpa. Tremi na base, fiquei inseguro e não tive peito suficiente para encarar o desafio.

Anos depois desenterramos a parte pronta do roteiro e as idéias. O Greg refez todo o design dos personagens e tudo parecia que ia dar certo. Mas eram outros tempos. O mercado americano estava aberto como nunca e o Greg estava começando a aproveitar as oportunidades. Além disso, é difícil para um desenhista manter o interesse em um projeto empacado há tanto tempo. E, verdade seja dita, eu continuava não sendo o mais rápido dos roteiristas (além de deixar a desejar na estruturação do próprio roteiro). Assim, a segunda encarnação da série voltou para a gaveta.

A boa notícia é que daquela vez algo concreto chegou a ser feito. Além de metade do roteiro, algumas páginas (que eu já mostrei em algum canto e o Greg provavelmente postou em uma das várias versões do seu site) também foram terminadas. O que a gente nunca tinha feito era juntar as duas coisas.

Ontem, relendo alguns textos antigos e inacabados enquanto conversava com meu amigo Barbi, fiquei com essa idéia na cabeça. Hoje resolvi pôr em prática.



É uma página só, é pouco, mas já serve para dar aquele aperto no coração. De todos os projetos inacabados esse é o que eu mais sinto muito por não ter tocado para frente (provavelmente empatado com a Black Máfia, mas esse ainda tem chances, certo Breno?).

Só não consegui decidir o que dói mais: ver os quadros desenhados e perceber que ainda são incríveis ou ler o roteiro e encontrar diálogos ótimos, apesar do amadorismo da época.

Assim que vi o resultado final do meu trabalho de exumação criativa, mandei um mail para o Greg, pedindo o restante das páginas. Caso ele ainda tenha os arquivos, vou tentar letreirar o resto também. Não vai ser o mesmo que ter a história completa, mas já é alguma coisa.:)

Cheers!

T.