Monday, January 19, 2009

A Vida Até Parece Uma Festa!

Ae!

Ano passado tive a chance de assistir ao pré-lançamento do filme/documentário/biografia dos Titãs, "A Vida Até Parece Uma Festa". Semana passada a película estreou em grande circuito Ah sim, se você não sabe quem são os Titãs, melhor dar uma volta no google antes. Ou aproveite e vá ver o filme antes de ler o post.

Sabe aqueles caras que cresceram na década de 80 e hoje já passaram dos trinta? Que adoravam rock nacional quando eram pirralhos e assistiam Chacrinha, mas que na adolescência "se venderam" para as bandas gringas e hoje só admitem ainda saber de cor a letra de "Faroeste Caboclo" depois de uma ou duas tequilas? Pois é. Sou exatamente um desses.

Não minto sobre o meu passado, mas virei as costas para boa parte do que foi a "década perdida" faz muito tempo. Claro que me lamentei mais de uma vez ouvindo os doloridos versos de Renato Russo e me diverti "pacas" com as letras bem-humoradas do Ultraje a Rigor, mas a gente cresce e supera. Outros tempos, outra cabeça.

Provavelmente por isso não dei muita bola quando soube do filme dos Titãs. Para mim, era a desculpa certa para uma sessão nostálgica das mais bregas, com direito a drama e musiquinha triste graças à trágica e lamentável morte de Marcelo Fromer em 2001.

O que vi na sala de cinema do Shopping Frei Caneca naquela noite não foi nada disso. Muito pelo contrário, na verdade.



"A Vida Parece Uma Festa" é uma colagem feita sobretudo com o uso de filmagens realizadas pelos próprios integrantes da banda, o que faz com que tudo surja na tela de maneira extremamente natural. Não há narrações em off. Não há cenários e nem depoimentos ensaiados.

É preciso muita coragem para se expôr de maneira tão cru. Se antigamente as coreografias robóticas e os ternos new wave da banda causavam estranhamento e polêmica, hoje certamente servem de motivo de piada para a juventude predominantemente emo que domina o rock atual (sem nem se dar conta, é claro, que serão eles mesmos o motivo de piada daqui há alguns anos, com suas franjas na cara, piercings nos lábios e olhos pintados). Mas a banda se importa? Nem um pouco. Fica bem claro que o grupo tem é resolvido o suficiente para rir de si próprio sem nenhum constrangimento. E que a platéia ria junto também.

Longe do estilo documental/dramalhão "Globo Repórter", o filme apresenta uma banda que mais do que qualquer outra coisa, se divertia e ainda se diverte fazendo o que mais gosta. Um retrato que distância a realidade da impressão sisuda e intelectualóide que muita gente (incluindo eu) tinha dos Titãs.

Mesmo quando chega a hora de mostrar as saídas de Arnaldo Antunes e Nando Reis ou mesmo recordar a morte de Fromer, não há exagero. Se a tristeza do momento é mostrada com honestidade e sem maquiagem, a volta por cima e a superação também aparecem com a mesma força. Há uma lição bem clara aí em algum lugar.

No fim das contas, o título parece muito mais adequado qundo se refere a nós, pobre mortais, que vez ou outra questionamos exageradamente o sentido do dia-a-dia, nossas conquistas e a falta delas. Já quando se trata dos Titãs, a impressão ao término do filme é que a vida sempre foi (e continua sendo) uma grande festa.

Cheers!

T.

1 comment:

Kendi said...

Legal ver os Titãs sem qualquer misticismo da fama que um documentário comum passaria. E os solinhos com pegada funk... foda