Oy!
Há mais de 20 anos, quando videocassete era um negócio bizarro e caro que a gente comprava em esquema de consórcio ou de um primo que trazia muamba do Paraguai, assisti "Indiana Jones e o Templo da Perdição" pela primeira vez. E pelo que lembro esse foi meu primeiro contato com o arqueólogo do chicote.
Sim, "Caçadores da Arca Perdida" veio antes, mas naquela época os pais ainda tinham controle absoluto de seus filhos, e graças à famosa cena do alemão derretendo, os meus achavam que o filme era um pouco demais para um pirralho igual eu. Quando a cena do coração palpitante surgiu na telinha do televisor, ninguém se preocupou se a molecada da família estava vendo ou não. Afinal, tínhamos um videocassete e isso era o que importava.
Daí pra frente Indy se tornou um dos grandes heróis da minha infância e tanto o personagem quanto Harrison Ford representavam o ícone máximo do cara foda, divertido e virtualmente invencível.
Foi alimentado por esta imagem que entrei no cinema para assistir "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". O que eu esperava era ver Indy dando chicotadas, pulando pra lá e pra cá, enfrentando todo tipo de ameaça que a Guerra Fria pudesse atirar sobre o coitado ignorando completamente suas seis décadas de vida. Afinal, heróis não se fragilizam. Heróis não envelhecem. Nossos heróis de infância são mais do que humanos. Certo? Certo?
Quem viu o filme sabe que as coisas não funcionam bem assim. Harrison, Spielberg, Lucas, Indy e o mundo envelheceram. E ao invés de ignorar o fato para agradar a nós, nostálgicos incorrigíveis, todos eles resolveram assumir os cabelos brancos sem o menor constrangimento.
O que se vê na tela é um herói com a mesma força, mas sem a auto-suficiência carregada de testosterona dos outros três filmes. Indiana ja viu de tudo, já fez de tudo e sabe de suas limitações. O papel que era dele agora cabe a Mutt, o personagem de Shia LaBeouf. O bastão trocou de mãos, e o antigo dono não parece nem um pouco preocupado ao assumir seu posto de coadjuvante. Muito pelo contrário: Indy parece muito satisfeito.
A sensação inicial que tive ao ver "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" foi a de frustração por ver que meu herói de moleque já não era o mesmo. E que, por tabela, eu também não era. Foi uma daquelas ocasiões em que a gente vê nítidamente o tempo passar. Como quando alguém da turma se casa ou tem um filho, quando seu ídolo no futebol pára de jogar e vira técnico ou quando você percebe que sua banda favorita acabou há 14 anos.
Mas essa é só a primeira impressão. E ao contrário do que diz o ditado, neste caso, não é ela quem fica.
O que permanece de verdade depois da última aventura do Dr. Jones, é a lição de que o tempo é mais do que benéfico. Nossos heróis se fragilizam. Nossos heróis envelhecem. Nossos heróis de infância são humanos. Como nós. Certo?
Certo.
Cheers!
T.
(por um mundo com resenhas sem spoilers)
Sim, "Caçadores da Arca Perdida" veio antes, mas naquela época os pais ainda tinham controle absoluto de seus filhos, e graças à famosa cena do alemão derretendo, os meus achavam que o filme era um pouco demais para um pirralho igual eu. Quando a cena do coração palpitante surgiu na telinha do televisor, ninguém se preocupou se a molecada da família estava vendo ou não. Afinal, tínhamos um videocassete e isso era o que importava.
Daí pra frente Indy se tornou um dos grandes heróis da minha infância e tanto o personagem quanto Harrison Ford representavam o ícone máximo do cara foda, divertido e virtualmente invencível.
Foi alimentado por esta imagem que entrei no cinema para assistir "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". O que eu esperava era ver Indy dando chicotadas, pulando pra lá e pra cá, enfrentando todo tipo de ameaça que a Guerra Fria pudesse atirar sobre o coitado ignorando completamente suas seis décadas de vida. Afinal, heróis não se fragilizam. Heróis não envelhecem. Nossos heróis de infância são mais do que humanos. Certo? Certo?
Quem viu o filme sabe que as coisas não funcionam bem assim. Harrison, Spielberg, Lucas, Indy e o mundo envelheceram. E ao invés de ignorar o fato para agradar a nós, nostálgicos incorrigíveis, todos eles resolveram assumir os cabelos brancos sem o menor constrangimento.
O que se vê na tela é um herói com a mesma força, mas sem a auto-suficiência carregada de testosterona dos outros três filmes. Indiana ja viu de tudo, já fez de tudo e sabe de suas limitações. O papel que era dele agora cabe a Mutt, o personagem de Shia LaBeouf. O bastão trocou de mãos, e o antigo dono não parece nem um pouco preocupado ao assumir seu posto de coadjuvante. Muito pelo contrário: Indy parece muito satisfeito.
A sensação inicial que tive ao ver "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" foi a de frustração por ver que meu herói de moleque já não era o mesmo. E que, por tabela, eu também não era. Foi uma daquelas ocasiões em que a gente vê nítidamente o tempo passar. Como quando alguém da turma se casa ou tem um filho, quando seu ídolo no futebol pára de jogar e vira técnico ou quando você percebe que sua banda favorita acabou há 14 anos.
Mas essa é só a primeira impressão. E ao contrário do que diz o ditado, neste caso, não é ela quem fica.
O que permanece de verdade depois da última aventura do Dr. Jones, é a lição de que o tempo é mais do que benéfico. Nossos heróis se fragilizam. Nossos heróis envelhecem. Nossos heróis de infância são humanos. Como nós. Certo?
Certo.
Cheers!
T.
(por um mundo com resenhas sem spoilers)
4 comments:
Indy pula conteineres de um lado pro outro; Chicoteia pra todos os lados; Usa seu cinismo e sarcasmo tão magnificamente como antigamente; Faz cenas incríveis no clímax da perseguição dos jipes; Foge de uma explosão nuclear/atômica (sei lá :P) dentro de uma geladeira... e vc ainda diz que 'ele não é o mesmo'.
Owww Careca... q o tempo passa e todos envelhecem eu concordo plenamente e um filme refletir isso de forma honesta (como esse 'caveira' fez) é muito melhor do que manter uma imagem 'irreal' da realidade do nosso querido herói.
A única 'aceitação' do fato-velhice no filme é quando Mutt pergunta ao Indy se ele tinha 80... mas isso é pra soar cômico, em 'cores' e não melancólico ou 'cinza', saca?
E Mutt, em q momento é a estrela da película? Quando imita o Tarzan ou quando dá um soco num playba dentro do bar? Ele é o 'alívio cômico' da trama, isso sim e, tb, a 'evolução natural' do personacem e todo seu universo.
Afinal como o final deixou previamente claro, ele já pretende ser "o novo Indy", mas q nosso real herói ainda não pretende 'entregar' seu chapéu e chicote tão cedo... (ainda que George Lucas o queira, pra 'renovar' a franquia).
Mas eu concordo com a platéia da sala em q vi o filme na sexta: aplaudimos em pé nos créditos e faria isso novamente. Um filme a altura da trilogia, de fato. ;)
Esse tipo de coisa me deixa com medo do tempo...
Fala, Mauro.
Como você é o cara que eu conheço que é mais fanático por Lost, passei aqui pra te deixar links de dois vídeos:
Finais alternativos ( com direiro a spoiler)- http://nymag.com/daily/entertainment/2008/05/lost_see_the_alternate_endings.html
e
Pra dar umas risadas- http://www.youtube.com/watch?v=u3PYW9yutKo
Entendo perfeitamente Trevisan... comecei a ler a Dragão Brasil quando Lobisomen e Vampiro ainda eram raridade; e "advanced dungeons & dragons" não passavam de um mítico jogo.
Foi mais ou menos a mesma sensação de ver um comercial de "cremogema" ou "d.d. drin" na televisão....
Post a Comment