Tuesday, November 25, 2008

Chinese Democracy!

Yeah!

Há coisas que a gente acha que vai morrer antes de ver acontecer. O fim da fome no mundo, a prisão dos corruptos brasileiros ou o lançamento de Duke Nukem Forever são alguns exemplos. E, por muito tempo, achei que já teria batido as botas quando Chinese Democracy, quinto álbum de estúdio e quarto de inéditas da banda Guns n' Roses, saísse.

Se você nasceu depois de 92 ou mais ou menos naquela época e acha que Axl Rose é só um "tiozinho balofo que teve uma bandinha antigamente", é melhor pensar duas vezes. E aproveite para tratar Mr. Rose com um pouco mais de respeito. Não que eu me importe, mas ele pode descobrir onde você mora e lhe sentar a mão...


Axl não só foi o líder da maior banda pré-grunge do planeta, como também era um encrenqueiro de marca maior. Brigava com o público, com jornalistas (fez até uma música pra xingar seus preferidos: "Get in the Ring", em Use Your Illusion II), com outros artistas e com a própria banda. E foi esse espírito barraqueiro e ditatorial quem deu fim ao Guns, depois do ótimo álbum (de covers), Spaghetti Incident.

De lá pra cá, simplificando bastante a história, Slash, Duff e Matt Sorum - os outros integrantes - tocaram a vida, fazendo sucesso até pouco tempo atrás com o Velvet Revolver em companhia do também problemático Scott Weiland (que já pulou fora do barco). Já Axl...

Axl passou muito tempo como um verdadeiro eremita moderno, obcecado com Chinese Democracy, o disco do Guns que deveria ter vindo depois de Spaghetti. Desde então o trabalho teve tantas datas de lançamento divulgadas e canceladas quanto o número de músicos convocados (e seguidamente dispensados ) para substituir os insubtituíveis integrantes originais. A banda continuava existindo no nome, mas na prática não tinha ninguém além de Axl. De concreto mesmo, só "Oh My God", da trilha sonora de End of Days (1999) de Arnold Schwarzenegger. Mas ficou nisso.

Chinese Democracy chegaria às lojas somente nove anos depois, no dia 23 de novembro de 2008.

Perguntar se "valeu a pena", por mais que o cliché de jornalistas e blogueiros obrigue, seria simplismo demais. Chinese Democracy teve um processo criativo de pesadelo, com formações de banda diferentes, produtores diferentes e um Axl Rose megalomaníaco tentando desesperadamente orquestrar tudo isso enquanto sofria e refletia em sua música a influência dos acontecimentos de sua vida e dos 14 anos de rock que se passaram enquanto polia e lapidava o que esperava ser sua obra-prima. O resultado é uma colcha-de-retalhos que remete aos tempos épicos de "November Rain" ("Street of Dreams"), ao industrial ("Shackler's Revenge") e até ao pop rock radiofônico ("If the World").


No fim, Chinese Democracy acaba lembrando muito mais o experimentalismo positivamente prepotente dos dois Use Your Illusion (principalmente em "There Was a Time") do que a rebeldia inconsequente de Appetite For Destruction. Também, pudera. Axl Rose pode continuar se retorcendo para lá e para cá com suas jaquetas e bandanas, mas ao menos passa a impressão de saber que não é mais o mesmo garoto de cabelos pintados que berrava como se fosse o dono do mundo no fim dos Anos 80.

Resta saber se seus antigos fãs vão preferir entender o recado ou passar mais 14 anos olhando para os velhos e amarelados pôsteres, cantando "Welcome to the Jungle" e rezando aos deuses do rock pela volta de Slash, Duff e Matt Sorum.

Cheers!

T.
PS. Post 200 no ano! Incrivel, não?:)

16 comments:

Garrell said...

Você tá ouvindo o álbum, que medo.

Tenso vai ser quando ele aparecer no seu "weekly top artist". Sai zica, trás uma arruda pra mim!!!

Garrell said...
This comment has been removed by the author.
JMTrevisan said...

Sou uma cria dos anos 90!!!

Mas eu sou um fã de Guns incomum: curto pacas os Use Your Illusion.

Marlon Teske said...

heuheu sério mesmo que já foram 14 anos desde que saiu o Spaghety?

Anonymous said...

Hoho, o Guns sempre foi uma das bandas que eu mais gosto. E olha que eu nasci em 94 :)

De qualquer modo, também gosto dos Use Your Illusion, cheguei a comprar os dois DVDs.

João Paulo "Moreau do Bode" said...

Teve uma empresa de refri que desafiou o Axl, dizendo que se o Chinese Democracy fosse lançado em 2008, eles dariam um refri pra cada habitante dos EUA.

Quero ver agora eles cumprirem essa promessa :D

Leo Vasconcellos said...

sempre odiei guns e tal, + eh bom ver que as bandas que fazem um rock que presta estão voltando, seria ótimo voltar a ver shows de the clash e the who tambem... (apesar da morte do Keith Moon e do Paul Simonon) "/

Alexandre Lancaster said...

Sinceramente eu fui um dos fãs que o Gun perdeu com os Use of Illusion. Voltar ao Guns hoje é algo menos... hm, adolescente do que na época, mas para mim... bom, sinceramente, o fato de eu não contar os anos à espera desse disco me fez olhar mais friamente para esse material.

É um disco decente. Mas nada mais do que isso para mim.

opiumseed said...

Cara, achei bem ruim mesmo.
Juro que fiz até uma força para nutrir alguma simpatia pelo material. Porém, a voz tratada, retratada e remasterizada do Axl soou como o Patolino, com quem ele já flertava (mas com alguma dignidade) quando tudo isso começou.

Eu juro que me empolguei com o lançamento. Esperava uma coisa mais esporrenta, talvez sombria (que é o que as pessoas costumam confundir com maturidade) e mais memorável. O que encontrei foi um álbum sem identidade nenhuma, riffs pouquíssimos inspirados (eu acho o Bucket Head uma tremenda invenção) e sem a menor pegada. O vocal então... me deixou triste.

Esse ano a grande surpresa positiva para mim ainda é o Death Magnetic do Metallica, que embora tenha umas passagens completamente autofágicas, tem umas swingadas boas e pressão. Deixaram o Trujjilo trabalhar dessa vez.

Grande abraço!

JMTrevisan said...

Posso estar enganado (e no momento sem tempo pra pesquisar), mas se eu não me engano foi o Bob Rock quem gravou o baixo no St. Anger. O Trujillo só entrou depois do álbum pronto.

JMTrevisan said...

Ah Leonel, não sei se você esqueceu, mas o Strummer também já morreu. Em 2002.

Leo Vasconcellos said...

é verdade jm, eu tinha esquecido, muito triste quando esses caras nos deixam, igual o Randy Rhoads ou o Freddie Mercury

Thiago GP said...

Com todo respeito aqueles que gostaram do último do Metallica; bem eu achei uma droga. Unforgiven III pra quê? My apocolips..... idem.
Fiquemos com todos até o Black, e algumas pérolas soltas aqui e ali. De resto no comments. Sim podem falar, sou um daqueles fãs chatos que só escuta Metallica até o quinto álbum, mas fazer o que, é a vida.

Mas quanto ao Guns, acho que todo mundo passou por essa banda, embora muitos neguem. Os Use of Illusion indicam uma certa maturidade do "grupo" e um Guns bem diferente.

Mas vamos ver como ficou o tão esperado Chinese Democracy!

Anand said...

Apesar de não pedir para Slash, Duff e Matt Sorum voltarem, ainda acho que Appetite For Destruction foi o melhor do Guns.

O Chinese Democracy é um álbum legal, gostoso de ouvir, tem a pegada certa. Mas é Axl Rose & Banda, não é GnR, IMHO.

Parabéns pelo 200º post!

brunohard said...

caro trevisan

se vc gosta mesmo do guns
deveria saber q o dizzy reed
ainda faz parte da banda
o grande tecladista
a menos q vc n considere tecladista
um membro da banda
hehehe

cara

perdi o tche rpg
queria bater um papo com vc
o leonel sempre falou bem de vc

abraço cara

Miltão said...

Guns acabou quando os caras lá saíram.

Mas, viva os velhos tempos.

E eu passarei os próximos 14 anos vendo os posteres e cantanto welcome to the jungle.